O Deus do Vinho
Na antiga Grécia o culto ao Deus Dionísio era levado muito a sério.
Reza a mitologia que Dionísio nasceu da coxa de Zeus após um desentendimento com sua esposa Hera que, aparentemente, não apreciara uma aventura galante do Chefe do Olimpo com a princesa Sêmele.
O fruto da aventura se tornaria um dos Deuses mais controversos e admirados da mitologia clássica.
A princípio Deus alternativo, com muitos devotos nas camadas menos nobres da sociedade, mas de grande séquito popular, Dionísio veio, aos poucos, a conquistar os bons olhos das autoridades atenienses, ao ponto de aceitar que seus cultos fossem celebrados nos anfiteatros da cidade e assistido por grande público.
As festas Dionisíacas propriamente ditas eram, em sua origem, festivais de libertação daqueles que levavam uma vida sofrida de trabalho e submissão, os escravos e as mulheres.
Em Atenas, enquanto durassem as celebrações, e isso levava alguns dias, todos estes seres, dominados nos demais períodos do ano, gozavam de certa indulgencia e aproveitavam para tomar liberdades de costume e comportamento que, segundo os bons gostos das autoridades da época, eram em nada edificantes.
Claro que a generosa ingestão de vinho, ajudava a soltar os freios da inibição e do pudor, salvo experimentarem-se todos com terríveis ressacas, morais e não, ao findar das celebrações.
Era grande a popularidade destes festivais, sabe-se por certo que atraíam legiões de apreciadores mesmos das regiões limítrofes, ditas gentes, por serem desconhecidos, parece que se engajassem com mais fervor ainda nas celebrações, salvo correr de volta a seus lares ao findar da festa, quando as autoridades soltavam os guardas com a tarefa de recolher ao xadrez aqueles que cultivassem a malograda intenção de esticar a festança.
Por causa da grande adesão junto as camadas populares da sociedade, as autoridades de Atenas resolveram oficializar as Festas Dionisíacas e alça-las a categoria de celebrações religiosas, a serem encenadas nos teatros públicos com atores e dançarinas, e assim, com a benção oficial, o culto ao Deus do vinho pôde fincar raízes e atravessar os séculos.