Os vinhos orgânicos representam uma tendencia de consumo irreversível na sociedade atual, não somente os vinhos, mas os alimentos orgânicos em geral.
Na busca por uma vida mais saudável a alimentação é a base de onde parte todo o processo que envolve os variados aspectos da qualidade de vida.
Ficou provado por pesquisas cientificas que o vinho consumido com moderação é saudável e ajuda o organismo sob vários aspectos, saudável para o corpo físico e para o espírito ou, falando de forma mais coloquial, para levantar o astral.
Em se tratar de vinho orgânico então, melhor, assim temos a certeza de beber algo mais saudável ainda.
Na verdade, o conceito de vinho orgânico não é exatamente correto, o vinho orgânico é assim denominado por ter sido produzido a partir de uvas orgânicas, ou seja, o vinho é uma bebida produzida a partir de um único ingrediente, a uva, justamente, se esta for colhida em vinhedo orgânico, logo o vinho será orgânico, por tabela.
Porém não existe nenhum tipo de recomendação, regra, nem muito menos lei, que indica práticas enológicas especificas para produção de vinho orgânico, logo o vinho denominado orgânico o é por ter sido produzido a partir de uva colhida em vinhedo cultivado de acordo com as regras do cultivo orgânico, sem adição de pesticidas, química de síntese etc.
As práticas vitícolas orgânicas preveem o uso de adubo orgânico em vez de fertilizantes químicos, controle biológicos de pragas e doenças em vez de agrotóxicos, basicamente limitando as intervenções à aplicação da velha conhecida “calda bordalesa”, a base de sulfato de cobre, cal e água para proteger a videira do ataque de fungos como peronospora e oídio.
A intenção principal aqui é evitar a química de síntese no vinhedo, bem como a utilização de Organismos Geneticamente Modificados, OGM, os famigerados transgênicos.
Nem a polemica utilização do dióxido de enxofre, SO2, ou anidrido sulfuroso, vulgarmente conhecido como “sulfito” é regulada de forma diferente nos vinhos orgânicos.
É bem verdade que o limite máximo de uso de SO2 autorizado por lei, quase nunca é atingido na produção de vinho, preferindo o enólogo manter-se abaixo desse patamar, por uma questão que gostamos de acreditar seja ditada pela consciência.
Obviamente existem entidades reguladoras e certificadoras dos vinhos orgânicos em quase todos os países, porém isso não é suficiente para que os vinhos orgânicos importados possam automaticamente ostentar o selo de certificação aqui no Brasil.
Especialmente com relação aos vinhos europeus existem pequenas divergências na legislação da União Europeia versus a do Brasil, que faz com que o alinhamento não seja automático, isso depende de acordos de intenções entre os países, políticas públicas de entendimento como as que assinaram Brasil e Chile que aceitam mutuamente os produtos orgânicos um do outro.
Se torna então de cabal importância conhecer o produtor do vinho, colher informações, falar com o responsável pelo atendimento, pois existem muitos vinhos orgânicos europeus que não ostentam nenhum selo em seus rótulos, devido a essa leve discrepância entre a legislação de lá e a de cá, mas meu conselho é que prefiram escolher um produtor orgânico, embora esse tipo de cultivo aumente os custos de produção, as vantagens para saúde são incontestáveis.
É verdade que os orgânicos ainda são vistos como produtos de nicho, mas a tendencia mundial é que sejam cada vez mais consumidos e que a área plantada com a agricultura biológica cresça de forma exponencial pelo mundo afora, talvez o preço um pouco mais elevado tenha relegado o vinho orgânico a uma faixa de consumo privilegiada, mas a medida que a conscientização das pessoas e a busca por mais qualidade de vida se tornem itens indispensáveis, o vinho orgânico tendencialmente ocupará cada vez mais espaço em nossas prateleiras.