Cepa obtida por cruzamento entre Cabernet Sauvignon e Grenache Noir, o ano era 1961, em Montpellier.
No seu lançamento despertou logo grande interesse, na França e no exterior, por seus excelentes aspectos de cultivo.
É uma uva que apresenta cacho grande em formato de pirâmide, com bagos pequenos e redondos.
Cepa de bom vigor, prefere a condução em espaldeira e possui boa adaptabilidade para vários ambientes, isso sem dúvida devido à herança genética, se considerarmos que a Cabernet Sauvignon é uma das castas mais plantadas do planeta, em diferentes tipos de terroir e que a Grenache Noir está presente praticamente em todos os países mediterrâneos, com grande sucesso, a Marselan, como descendente direta das duas, só podia se caracterizar pela adaptabilidade.
Mesmo assim, a Marselan prefere climas quentes e secos, com fertilidade média e presença de calcário, quando possível.
A maturação é médio tardia e a produção se mantém boa e constante ao longo das safras.
Outra característica interessante é certa resistência às doenças da videira, ao frio invernal e as geadas de primavera.
A Marselan costuma produzir vinhos de cor intensa, com boa concentração de antocianos, o nariz se destaca pelos frutos vermelhos marcantes, de boa estrutura, com taninos que sem nenhuma dificuldade se apresentam redondos e envolventes, não precisa de afinamentos longos, nem de longo tempo em garrafa para apreciar a contento. O vinho de Marselan não costuma se apresentar como vinho de guarda.
Muito utilizada em varietal, dá origem a excelentes vinhos no Brasil, sobretudo na Serra do Sudeste e no Vale dos Vinhedos, bons vinhos de Marselan são produzidos também no Uruguai.
No sul da França, sua terra de origem, é utilizada em cortes com as castas típicas do Mediterrâneo, na Cotes Du Rhone entra no assemblage dos vinhos da parte sul da AOC além de dar vida a interessantes Vin de Pays, sua utilização é em grande parte em corte com outras castas tintas.
Recentemente, em 2019, a Marselan ascendeu ao direito de integrar o seleto time de castas permitidas nas AOC Bordeaux e Bordeaux Superieur, no intuito de minimizar os efeitos das mudanças climáticas ligadas ao aquecimento global, o INAO (Institut National de l’Origine et de la Qualité), em conjunto com a CIVB (Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux), autorizaram o plantio de Marselan e outras castas para compor o assemblage dos tintos e brancos da maior região produtora da França.
Os produtores poderão plantar até 5% de seus vinhedos com estas novas castas e utilizar até, no máximo, 10% de seus vinhos no corte final, atenção, porém, apenas para as AOC regionais, Bordeaux e Bordeaux Superieur; veja a seguir o elenco completo das cepas autorizadas.
Tintas:
- Touriga Nacional
- Marselan
- Arinarnoa
- Castets
Brancas:
- Alvarinho
- Petit Manseng
- Liliorila
*Referências bibliográficas: Vivai Cooperativi Rauscedo, Marcelo Copello